terça-feira, 11 de março de 2014

Despertadores


Quando o despertador toca de manhã, tenho aquela sensação de estar a ser chamada à realidade, à responsabilidade, à azáfama do quotidiano. A minha cabeça é assaltada pela agenda, daquilo que está previsto para aquele dia. Trabalhos para entregar, mails por responder outros para enviar, pagamentos para fazer, refeições para organizar, decisões para tomar e quando dou por mim, são seis da tarde e tenho que ir buscar o cachopo à escola. 

Toco à campainha da Creche. Volto a associar aquele som a um despertador, mas agora é um despertador diferente, que anuncia momentos com um sabor especial: "Mãããããeee!!!" Diz o meu principezinho. A partir daquele instante o importante é ver o prazer que ele tem em me mostrar as pinturas que fez na escola, o que é importante é pisar as últimas folhas do Inverno e apreciar as pequenas florzinhas que vão aparecendo, o importante é saltar na calçada, é criar metas imaginárias e fazer corridas, é ver um avião passar no céu e inventar uma história da sua viagem, é chegar a casa e fazer um puzzle do Faísca,  é ver se o Mickey consegue salvar o Pluto, é fazer ondas na banheira, é vê-lo deliciado a saborear o jantar, é brincar às escondidas, é fazer cócegas e rir, rir muito. No momento em que o deito e olho para os seus olhinhos risonhos consigo relativizar aquilo que correu menos bem no meu dia com aquela lufada fresca que o meu cachopo me trouxe.

Acho que cada vez mais precisamos de despertadores durante o dia e não estou a falar daqueles que nos acordam para as obrigações, claro que esses também são precisos.  Estou sobretudo a falar daqueles que nos despertam para apreciarmos a vida e a dar valor ao que realmente é importante.



Sem comentários:

Enviar um comentário