quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

História de Amor contada todos os dias


Quando estamos apaixonados somos invadidos por um turbilhão de emoções e sensações, as conversas ganham um sabor especial, as palavras tem duplo sentido, há cumplicidade na troca de olhares e os sorrisos nervosos denunciam aquilo que sentimos.  Estamos sempre em contagem decrescente para o próximo encontro, quando nos despedimos já estamos com saudades, esquecemo-nos do tempo e passamos a viver na lua. Tudo é mágico, tudo nos faz lembrar a nossa paixão, temos sede de nos conhecer e desafiamos as palavras a fazerem parte dos mais belos discursos de amor. Há frescura em todos os momentos, porque todos são novos, porque todos assinalam uma primeira vez, de olhar, de conversar, de sorrir, de tocar, de abraçar, de beijar, de unir para sermos só um. E assim começa uma história a dois, que é contada a cada momento, que não está escrita, mas que se vai escrevendo por duas pessoas, que resolveram partilhar uma vida, um amor, que querem acordar lado a lado todos os dias, que querem chegar a casa depois de um dia de trabalho e serem abraçados pela sua cara-metade, porque querem ser felizes juntos. Na minha história já tenho muitas páginas escritas e há tempos fui assaltada por um pensamento: estarei muito longe das primeiras páginas da minha história de amor? Da frescura da novidade? Do primeiro olhar, do primeiro beijo?  
Desafiámo-nos a recriar o primeiro encontro, a voltar às primeiras páginas do nosso livro. Mas não foi possível, já sabemos muita coisa um do outro, já nos conhecemos há muito tempo e não conseguimos omitir tudo isso para podermos dar um segundo primeiro beijo. Por instantes, chorei por dentro, mas rapidamente percebi algo muito poderoso: se conseguíssemos recriar o primeiro encontro e sentir o que sentimos na altura era porque o que tinha acontecido entre nós, tinha sido esquecido, não tinha valido a pena, tinhamos  apagado todas as páginas e estavamos a contar uma nova história, uma outra história, nunca a mesma, porque os momentos não se repetem e, ainda bem, é isso que os torna especiais e únicos. Um amor verdadeiro constrói-se todos os dias, cada página é preciosa e encerra a sua magia única naquele preciso instante. Aquilo que senti no primeiro ano em partilha é distinto daquilo que sinto hoje, não é melhor, nem pior, é diferente. A magia de darmos a mão pela primeira vez, dá agora lugar a uma mão que sabemos onde está, uma mão que conhecemos e que lhe reconhecemos o toque, um abraço que já sabemos que nos vai acalmar, um entrelaçar que já sabemos que nos vai fazer sorrir.
Também percebi que sempre que quero consigo viajar às primeiras páginas deste livro, cada uma delas relata um momento especial e mais do que recordar esse momento consigo sentir a sua magia, vivida naquele dia, sem adulterar sentimentos, deixando que eles continuem genuínos. Continuo a arrepiar-me, continuo apaixonada. 



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